quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Xis



As vezes a gente só quer morrer por um tempo
E ver as coisas de longe,
Sem ter que estar tão ligado a elas

As vezes a gente quer morrer por um tempo
E deixar de forçar o que parece
Que é a única coisa que conseguimos ser

Mas com tanto vento soprando la fora
eu respiro o bafo daqui.

As vezes a gente só quer

Deixar os significados para trás
Esquecer que houve chaves pra se chegar
Esquecer que houve portas só pra trancar

E o que rege a sabedoria vital
Se não a exigência final
De ter que ficar?

Faz um tempo confortável la fora
E o contemplar de nós
Fica dentro de uma cela

Por que seu Deus fala mais alto?
Se você tem seu pai, eu posso seguir minhas vozes do além
Ou talvez ouvir a voz divina
Seja ter
A mente dividida também

Por que seu capital fala mais alto?
Se há tanta especulação eu posso seguir sendo aquém
Do que se rotula esperado
Ou talvez
Não se espere de ninguém

A dignidade não está no fim
De uma cadeia de produção
Ser você é o maior desafio da vida
E pra isso não existe perdão

O poder do querer deixar-se pra trás
É o maior desafio de ser você

De uma forma completa matar-se por fora
É o melhor jeito de poder se ver

Não é no espelho que nos conhecemos
Não é na boca do outro que a gente se faz
Veja bem, a gente é apenas um fragmento
Do universo que nos constrói

Um tchau pra todo mundo
Um tchau pra qualquer um

Um espaço, um fim, um novo estado
Um começo sem algum

Um tchau pra todo mundo
Um tchau pra qualquer um

Um trinco, um, dois, um novo lado
Um achado incomum

Um tchau pra todo mundo
Um oi só pra mais um

Dos tantos lados incapacitados
Ocupados em serem nenhum.

Um vai pra qualquer lado
Outro vai pra lado algum

Os dois encontram no mesmo ser
O que não se acha comum.

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