sexta-feira, 10 de junho de 2011

Tragar



Sou um homem em uma caixa.
Isso tudo é uma caixa
e não consigo a deixar.

Não sei se já posso me dizer um homem adulto formado.
Não para os padrões que desejam me definir.


Eu sou um outro homem, mas ainda o mesmo.

Além do que, eu ainda consigo olhar
por cima do meu obro e ver
qualquer outra coisa que não seja eu.

Todas as paredes dessa caixa
que me prendem
a viver uma vida de merda
aonde te ensinam uma lição pra viver,
e dançar conforme a música
que eles colocarem no salão.
Aonde o espaço para que eu possa
criar a minha própria música
não passa de emaranhados de neuronios
gritando por liberdade.
Quase não há, ou deixa de existir.

Foge do meu controle
até as minhas próprias ações.
Não consigo evitar nem o que
já me fez mal,
o que eu pré/pós-defini por ruim.
Não consigo evitar que as mesmas
circunstâncias me machuquem
na maioria dos dias.

Em dias que as coisas estão plenas e claras
e o meu eu enfadonho insiste em me foder
e me deixar um pouco pior depois.
Pra que fique estaguinado pensando
no quão errado fui e pude não ser.

Fui querendo ser,
com plenas convicções.

Com plenas convicções,
que o que eu disse
ou pensara outrora,
não se aplica sempre,
como tudo.

Não consigo nem me controlar,
não consigo manter meu eu por todo tempo.
O primitivo toma conta, e eu não evito.

Querer ser melhor, alimentar esse ego escroto
que joga merda no ventilador só pra chamar
a atenção.
Pra que os outros falem que ele é uma merda brilhante
e não só mais uma pilha de estrume qualquer!

ATENÇÃO!
Atenção, a grande merda se joga
no ato
do alto
do prédio
com sete tiros na cabeça
independente do sangue
independente da queda
ela só quer que a olhem, e ainda que sejam
os últimos olhares,
ela deseja aquilo.
Buscar um propósito pra
toda essa sujeira
é se afundar de vez na bosta.

cheirosa, voando pra baixo no ar.

Ver mentes pequenas me entristece,
me deixa raivoso.
As luzes, barulhos e propósitos das festas
me deixam asqueroso
manifestam o pior que jaz em mim.

A paz que eu procuro,
e temo não encontrar aqui,
está num outro lugar,
aonde questões são realmente perguntadas
e não esquecidas.

Deixe tudo pra trás.
Deixe, deixe.

Eu mesmo falo,
eu mesmo falho!

Sou um homem numa caixa,
sou feito de vinil,
retrógrado,
velho,
infantil.

Ninguém vai me tirar daqui,
na maior parte do tempo,
acho que por que não quero sair daqui
e isso nunca vai me ajudar!

haha
é o fim
e não é.
E de que(m) é ?

não há, não houve
não haverá.
Mas sempre estava,
está e estará lá.

haha Sim
haha e Não

Alguém me tire de mim!