quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Discrepância



Eu nasci pra ter saudade.
Eu nasci pra sentir a falta,
pra sanar o novo

e esquecer do resto,

mas ao invés disso eu tenho medo.

Acho que eu nasci errado
e não aceitam devoluções.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Trágico



Chega a assustar o quanto os simples seres
que deram origem ao hoje e a vida
podem ser deprimentes e horriveis.
a vida é assim

A benção da inocencia não habita por muito tempo
e vai sendo cada vez corrompida mais cedo.

Agora acredito que o único jeito de ser feliz
mora no peito do meu maior temor

e Eu tenho medo!

Abrir as portas e abraçar
o guardião da minha lança de longinus
não é muito reconfortante.

Mas existe alguma coisa que me
mantem nesse mundo idiota,
me prende a fazer as coisas que eu cresci ouvindo
quando eu era um macaco feliz.
Talvez seja o desejo de ficar vivo
e de viver uma vida idiota e forjada ou
talves apenas o medo do que há de vir.

Ser consciente disto talvez me tire dessa merda
e me faça uma mosca,
mas a fruta não está longe do pé!
O cheiro no ar é ainda pior
com o bater das asas.
E eu ironicamente não sinto.

Sou cria de tudo aquilo que eu repudio
eu sou tudo aquilo que eu repudio.

Da merda eu vim, e fui feito
e vou terminar em merda, na merda!
Não que eu queira mudar esse fato
e não que eu ache lindo sentar e enfiar o dedo no nariz
também.

Mas ainda assim
algo me prende nesse (i)mundo lógico e voraz
e a liberdade depende de muito mais do que só isso!

A minha vida se delimita dentro da minha mente
e até que eu aprenda telepatia aplicada
não vai fazer diferença em grande escala.

Eu vou ser minha dor
e assistir, sentado,
uma das merdas sucumbir

ou a ambas!

E vou assistir isso rindo,
afinal, eu não tenho uma arma!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O começo da ruína




até quando eu vou ter que ficar fingindo estar vivo pra colaborar com o mundo a minha volta ?
já cansei de interagir com essa imundice escrota que chamam de sociedade!
não aguento mais ter que doar minha vida pra contribuir para um quadro social aceitável e manter minhas aparências...
não sei mais olhar pra frente e enxergar alguma coisa que não seja a sobrevivência estagnada de antes.
a cada vez que eu me vejo no chão e espero passar pra acalmar toda a dor
eu me levanto maior, e mais baixo!
não sei definir se o que eu vejo é o fundo ou só uma sombra
ou uma prateleira pra eu me encostar nos livros e adormecer.
melhor viver do que existir
mas só existir dói demais,
até quando vou ter que fingir que estou vivo ?


sábado, 22 de outubro de 2011

Ego



Tudo que se faz desde passar um batom
até comprar um sapato novo
é pra satisfazer uma criancinha mimada de 5 anos!
Todos os sabores que você aprecia lentamente descendo pela garganta,
todos os cheiros que você se embebeda,
tudo o que você cogita e tenta,
tudo que você faz pra progredir,
são feitas única e exclusivamente pra ela.
As coisas só funcionam a favor dela!

Sempre!

Seu intuito é sempre satisfazer.
E quando se obtêm prazer é de se esbaldar...
e o Objetivo primal é obter o prazer de uma fonte segura,
crianças não gostam de novas experiências até que as tenham feito e provado do seu sabor bom.
Por isso ela vai sempre querer repetir a mesma brincadeira até enjoar da sua cara.
E se você não a satisfaz ela se vira contra você.
Cruza os braços, faz beiço
e fecha a cara...
Tudo pra te fazer voltar contra si mesmo
e se inconformar com o fato de não sacia-la.
Chegar nessas conclusões, ainda mais com a cultura inútil que se tem talvez seja de se admirar...
Mas ainda é extremamente complexo chegar nessas conclusões sozinho, descobrir que 100 anos atrás isso já tinha seu valor acadêmico
e o pior de tudo é não saber lidar com uma coisa que você supostamente fantasiou saber como ocorre.
É praticamente impossível manejar isso.


Estou inconformado e desinteressado.
Eu deveria explodir, mas não aceito esse fato!
Eu não carrego,
e/ou não aguento
esse fardo.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Retorno



Hoje eu acordei para o fato de que eu realmente estou morrendo aos poucos.
debaixo da agua caindo com barulho de chuva nos meus cabelos eu me atinei.
eu que não sei de quase nada, que já tentei me expandir para todos os lados.
Hoje acordei pra morte

Algo me fez conversar tanto comigo mesmo sobre o que eu me proporcionei
e o quão eu sou um homem comum, medíocre e ordinário
que soma números iguais aos outros, sem méritos reconhecidos, e com razão.
Fiquei tanto tempo pensando nisso que me enruguei.

Fiquei tanto tempo me recolhendo em mim mesmo
que quando me dei conta eu estava lá,
de pé, olhando pra rumo nenhum,
como se eu estivesse vivendo numa realidade pontilhada.

Eu sequer tenho um espelho pra me olhar.

Não estou me cobrindo com nada pra falar sobre isso
e o pior de todos os fatos é que mesmo eu achando que sei sobre algo
não me muda o suficientemente pra que isso se torne algo irreal no momento.
Talvez isso contribua para que eu me forme melhor posteriormente.
É a única coisa que me reconforta e me deixa menos triste comigo mesmo.
Esperar que amanha eu não precise esperar
e que as coisas vão, por si próprias, tornando-se algo da qual eu construí estagnado no início.
O objetivo principal não é a auto-depreciação, nem a sociopatia...
Mas é claro mais agora que nunca que me usar pra me salvar está, cada dia mais,
acabando comigo mesmo
e o tempo que eu perdi, eu nem sei. E mesmo que soubesse!
Não há diferença. Eu vou continuar errando até que não haja mais tentativa.
Tudo forma um ciclo:
O desgosto por ser e
por saber,
o desgosto por desgostar
e não mudar, denovo então por saber
o que me joga pra qualquer outro item acima novamente e o recomeça.
O conforto que eu espero pra vida só vira quando não existir mais nenhuma questão
e isso só vira no final, meu belo amigo
no final, meu único amigo...

e eu Ainda me sinto confortável em viver errado!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Nunca



Se você acha que o que você gosta,
o que é belo e te atrai
te faz viver e viver melhor,
se você sente isso,
então seria melhor você pegar uma garrafa de rum
daqueles bem vagabundos,
amaçar o seu maço a procura dos ultimos cigarros
e estragar a sua vida devagar
e acabar com ela aos poucos,
ou talvez pegar uma arma e estourar seus miolos
só pra pintar a parede, e ver se a cor fica bonita
e combina com a cor do criado.
Se você se questiona a cada dia
o porque está vivo e não ve nada de graça na sua vida,
convive e sobrevive a cada ocasião apenas pelo prazer de deixar a morte mais perto
e tornar-se íntimo o suficiente para se sentir confortável na sua presença,
Se você sabe isso pra você, geralmente, é o que importa.
Porque a única importancia que existe é a própria.
O conforto de estar vivo e o incomodo de não saber viver
vai me dar cada dia mais vontade de me perguntar
o porque deu não ter morrido antes ou de ter nascido depois,
o porque de ainda perguntar e não ir pra frente
Nunca.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cessar



evaporar
e ver tudo aquilo que te faz viver
ficando pequeno
e pequeno
e sumir, diante do tamanho do resto
ver tudo aquilo que te faz mal
que te deixa com os olhos abertos

sumir
de
 sa
pa
 re
cer

mesclado no ar
sem peso, sem proposito
o vento é quem te escolhe
e você viaja pelas nuvens
com notas tristes de um piano

eu só quero sair daqui
não quero voltar pros mesmo lugares de antes
eu preciso me libertar
e esquecer que um dia fui humano
eu sei que sou melhor do que isso

eu não preciso crescer pra sair
eu não me sinto
eu nunca estive aqui de verdade
sentir isso antes talvez me deixasse pior

mas agora
agora eu sei a diferença, da dor que a vida causa
ninguem quer ter isso
de qualquer forma



se deixar num pedaço de papel
como num ápse de refrão de música...
até você acabar, a dor ja cessou

tudo vira pó e nada vai parar coisa alguma
seja,
por ser... o futuro responde pra você

a saida é por ali
a lua vai te ver, e você vai deixá-la
vai deixá-la
e ela vai te ver
e você vai embora

há alguma sanidade no caminho ?
está na grama... está no chão...
você nem vai ouvir as batidas do seu coração.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

o Tempo nem sempre cura



Acho que o ruim não é que as coisas não funcionem do nosso jeito,
mas que elas funcionem completamente ao contrario do nosso desejo...
Isso me deixa cada vez mais triste e frustrado.
Talvez seja prepotência achar que o meu modo é o melhor, inclusive pra mim, 

mas é meu jeito e ter que dançar conforme a música que é imposta abaixa completamente a minha autoestima.
No meio disso tudo acaba que a dúvida e a divisão de qual caminho tomar deixa cada dia mais cinza e enfadonho e o tempo nem sempre cura... uma hora tudo explode.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Comfortable settee



Every morning
he rise up with you,
but you've seen it before
and don't care what he do.

You go through it all day,
you see it,
but yet
dont want to stay.

Survive for convenience.
Delete any validity,
forget any experience
absence of spirit.

You dont talk to him,
you dont hear him complain
their traces remain on this
and he supports all the pain.

Silence. He did wont sleep.
He has a knife,
and he'll kill
all your little sheep.

Their atrocities,
were discovered
but at night,
he is his bed.

And nothing
will change this fact:
At night
he just sounds bad.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Blow Up



I will hold myself
in a straitjacket
and bite my own mouth
even if the blood doesn't change the fact.

I will cut my hair paper
with a blunt scissors
and cut my bored face
shaving with blades of mirrors. 

 
Through the air,
blow up, blow.
Is the only way to feel well.

I really can't find me
so I threw away a lot of letters,
but I can still climb in anywhere
and shoot me in the matters.



Everything that attracts me
are in a hole in the sky.
My soul will rise
and I'll feel me so high.

Through the air,
blow up, blow.
Is the only way to feel well.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Born to Flames



you born to discover ?
you born from the days ?
you born between the true ways ?
you born to see and learn everything that them show to you ?

what is your reality ?
what should be ?

now, you realy born ?

I wanted not know what I know
I wanted know the rest

after many questions I ask myself:
I born ?

I want explode me then!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Tragar



Sou um homem em uma caixa.
Isso tudo é uma caixa
e não consigo a deixar.

Não sei se já posso me dizer um homem adulto formado.
Não para os padrões que desejam me definir.


Eu sou um outro homem, mas ainda o mesmo.

Além do que, eu ainda consigo olhar
por cima do meu obro e ver
qualquer outra coisa que não seja eu.

Todas as paredes dessa caixa
que me prendem
a viver uma vida de merda
aonde te ensinam uma lição pra viver,
e dançar conforme a música
que eles colocarem no salão.
Aonde o espaço para que eu possa
criar a minha própria música
não passa de emaranhados de neuronios
gritando por liberdade.
Quase não há, ou deixa de existir.

Foge do meu controle
até as minhas próprias ações.
Não consigo evitar nem o que
já me fez mal,
o que eu pré/pós-defini por ruim.
Não consigo evitar que as mesmas
circunstâncias me machuquem
na maioria dos dias.

Em dias que as coisas estão plenas e claras
e o meu eu enfadonho insiste em me foder
e me deixar um pouco pior depois.
Pra que fique estaguinado pensando
no quão errado fui e pude não ser.

Fui querendo ser,
com plenas convicções.

Com plenas convicções,
que o que eu disse
ou pensara outrora,
não se aplica sempre,
como tudo.

Não consigo nem me controlar,
não consigo manter meu eu por todo tempo.
O primitivo toma conta, e eu não evito.

Querer ser melhor, alimentar esse ego escroto
que joga merda no ventilador só pra chamar
a atenção.
Pra que os outros falem que ele é uma merda brilhante
e não só mais uma pilha de estrume qualquer!

ATENÇÃO!
Atenção, a grande merda se joga
no ato
do alto
do prédio
com sete tiros na cabeça
independente do sangue
independente da queda
ela só quer que a olhem, e ainda que sejam
os últimos olhares,
ela deseja aquilo.
Buscar um propósito pra
toda essa sujeira
é se afundar de vez na bosta.

cheirosa, voando pra baixo no ar.

Ver mentes pequenas me entristece,
me deixa raivoso.
As luzes, barulhos e propósitos das festas
me deixam asqueroso
manifestam o pior que jaz em mim.

A paz que eu procuro,
e temo não encontrar aqui,
está num outro lugar,
aonde questões são realmente perguntadas
e não esquecidas.

Deixe tudo pra trás.
Deixe, deixe.

Eu mesmo falo,
eu mesmo falho!

Sou um homem numa caixa,
sou feito de vinil,
retrógrado,
velho,
infantil.

Ninguém vai me tirar daqui,
na maior parte do tempo,
acho que por que não quero sair daqui
e isso nunca vai me ajudar!

haha
é o fim
e não é.
E de que(m) é ?

não há, não houve
não haverá.
Mas sempre estava,
está e estará lá.

haha Sim
haha e Não

Alguém me tire de mim!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Deixar-se ir



Como uma criança que sabe viver sem os pais,
autênticamente livre pra poder executar o que leva a sério.
O que dentro de sua pequena mente conturbada se torna realidade.
Pros olhos leigos e inocentes,
alvejados com verdades duras
cravejado por necessidades
e responsabilidades brutas.

Uma forma tosca, sem lapidar, sem trato.

Tudo o que eu, incansavelmente, repugnava
foi tomando forma e me tomando de forma
que eu pudesse apenas olhar
e como antes, dizer:

-Eu me tornei.
E entornei-me.

O medo que outrora me assombrava,
me assustava, e fazia rapidamente
eu me arremeter por debaixo de outr'asas
não me assusta mais veemente como antes.

Vem em mente,
que posso nesta conduta seguir, e ser uma criança.
Me deixar levar pela correnteza vital
e abrir a mente pra tudo que há de vir,
mas,
pra isso tenho que aceitar o que vier
e o anormal pode se instalar.
A incorrigível sensação de não ter
mais o senso do real.
Daí provem também que eu posso perder todo o meu eu
e morrer sem ser avisado.

Medo de morrerem-me sem eu saber

Quando se percebe, já esta lá dentro,
e mesmo que admitam sua ciência,
não conseguirão explica-la,
estuda-la
ou explana-la - como queira -
e terão medo do sem medo,
do sem limites e sem pré definições
abundando seus espaços internos.
Terão medo daquilo que define por si o que vê
e o respeita pelo que quer que seja.
E você também os terá.

Te deixarão mais um pouco
pra amadurecer.

Pra ganhar cor.

verde
        amarelo
                    vermelho
                                  preto

Até você cair do pé.
E não cair em pé.

Não se aguentar dentro de você mesmo.
Vai estar cansado de mais tentando sair de dentro de si
e só vai poder deitar
e melancolizar o fato
de que você já era!

Mas ainda sim são dois sentidos pro mesmo faro,
um sorriso e uma lágrima pro mesmo rosto.

Chronos aguarda e guarda dentro de si a resposta pra isso
e só saberemos quando o final chegar.
podemos nos mover,
e ter em nosso poder o leme
até lá, podemos ver,
ou podemos virar,
mas quem rema não somos nós...

Ai sim,
o segredo dessa vida
vai nos livrar de todas as questões
e nada mais terá de ser respondido ou esperado.

sábado, 14 de maio de 2011

Entulho



Todo mundo julga ter um bom pretexto pra ser idiota.
A dor,
o medo,
a incerteza.

Um monte de merda pra tampar os olhos  pro que se torna necessário
com um pouco mais de tempo.

Alguém que está longe,
alguém que não volta mais.

Todo mundo joga o peso das lágrimas
pra outros ombros,
pra outros horizontes tortos.

Todos não ditam uma regra,
não uma regra certa
nem um regra errada.
Nenhuma.

Mais uma vez, o mesmo fato,
simples e claro,
de que nada se aplica a tudo.

Não se decida por ser algum tipo de pessoa.
Não restrinja-se
nem se encaixe em alguma descrição generalista.
Isso não é você.
Aquilo não é você.

Não se culpe pelo ser.
você é isso que você vê
quando olha pra você mesmo
de uma forma sincera
e pra você isso nunca vai estar errado
e nem certo.
Isso vai além até onde você deseja ir além.

Não se culpe pelo que você é.
Não se decida por ser ruim nem por ser bom.
Não restrinja-se!


É uma questão de convivência consigo mesmo.

Não se culpe pelo que você é!

Quanto é essa importancia pra sua mente?



Eu estaria mentindo se falasse que a verdade é de outro jeito.
Mas e daí ?
Ninguém precisa ou quer saber...


A vontade é mera especulação da mente
sobre as verdades que ela inventa
pra cobrir os erros
pra sanar os devaneios

e Isso vale pra quem sente-se.

Andam comendo meu cérebro,
mas eu o recupero
e construo mais... não vejo problema


há tantos outros pra esconder este.

terça-feira, 26 de abril de 2011

tempo



And people ask me: 
"For how long time?"

Sorry, but I don’t know… I really wanted to know this, but I don’t know.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sempre.



Há sempre uma luz no fim do túnel… E sempre mais túnel depois da luz!

terça-feira, 8 de março de 2011

Não ser Humano

ou

 

Ser humano não praticante.
Se tornar uma coisa...

Continuo sempre com
as mesmas desgraças
engraçadas envoltas em
sorrisos bobos.

Hoje encontro felicidade
num outro olhar
que não reflexo do meu
e sim, do eu.

É calma, é paz
é algo em que me apoiar.

Não preciso fazer esforço nenhum
nem preciso abrir livro algum pra me explicar,
pra me expressar...
Se quer transmimento de pensação.

A mensagem é captada no olhar,
é só saber a qual ponto quer chegar.

Somos duas mentes abertas
vagando,
voando sobre o campo amarelo do outono,
nem quente, nem tão frio.
De mãos dadas, não atadas.
Friamente calculistas.

Uma quadra de olhos que enxergam
um mundo muito além dos outros olhos,
muito além do que imaginamos existir.

Me sinto bem só de me ver em você,
de me encontrar por aí, te olhando
retardada-mente relativo ao tempo
que é pouco, quando isso acontece

e no final das contas
sei que alguma "coisa"
ainda vale a pena

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Same Insane



Vivo numa eterna insónia.
Se você não for necessário, não existe.
Minha mente me dá muito mais medo do que o mundo aqui fora.
O ser humano é deplorável... E quase nenhum deles merecem o que tem.
O que talvez me diferencie de todo o resto
é a minha consciência.

Eu sou o mesmo lixo que renasce todas as manhãs,
e eu posso estar enganado.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Monólogo Plurativo



Um dia estava passeando,
ainda que queira, não me lembro por onde
e me deparei, surpreso,
com pegadas muito estranhas.
Pareciam de coelho,
mas cheiravam a tinta fresca.

Resolvi segui-las, e rastreei-as
até uma árvore de grosso tronco marrom escuro.
O topo não era visível
quão grande era a árvore.
Ainda sim avistava o canto dos pássaros
que ali habitavam
e escutava o cheiro de suas verdes folhas...
A tinta ali no chão era tão evidente
que ainda estava molhada
e acompanhava alguns escorridos e borrões.

Pelo que dava pra ver, as pegadas contornavam a
árvore que fazia uma longa curva logo a frente.
Pra ter certeza, resolvi continuar seguindo,
e na metade posterior da árvore encontrei um senhorzinho sentado,
velho, de barba branca envolta de todo o seu queixo até sua costeleta.
Trajava um paletó completo verde, e uma cartola desbotada,
provavelmente pelo tempo, de mesma cor
enfeitada com um trevo de quatro folhas
muito amassado,
pendurado todo torto, quase caindo...
O senhor segurava um carimbo grande
em forma de pé de coelho
e um balde de tinta de indefiniveis cores dançantes,
que não se aquietavam.
Um em cada uma de suas duas mãos velhas,
ásperas e grossas, com luvas surradas e rasgadas nos dedos.

O senhor realmente não esperou nem meio pensamento meu
e logo me disse, por entre os dentes inferiores saltados,
juntos do seu maxilar que era um tanto quanto avantajado
e pra frente.
Disse com uma voz rouca e pouco estridente:

 -hahaha meu caro jovem...
Você caiu, como tantos outros!
E saiba, não serás o ultimo dos meus
casos...
Você quer fazer a diferença,
quer se tornar algo,
alguma coisa. - Gesticulava com o carimbo no ar -
expressar-se.
Dar de si o que enxerga de melhor.
E que isso possa mudar as coisas!


Sim sim... Pois Zé meu filho...
Eu digo sim!
Pode ser de muitos desses casos
dar-te abraços apertados,
e levar-te para dançar num parque
sem cadeiras de balanço.
Ou pode ser que eles o enganem
e o faça esquecer o que você é...


hehehe...
Construa como quiser a sua casca,
sua casa exterior, seu sorriso,
ou o que quer que seja que você queira
que avistem em você...
Mate uma pessoa...
Escreva um livro...
Cruze os dedos e tenha medo!


Faça o que quiser de você mesmo,
mas nunca se esqueça de você...


O que você guarda aqui - disse ele batendo com carimbo na sua velha cartola verde desbotada - 
e aqui - batendo agora em seu bolso esquerdo do paletó - 
é o que realmente faz de você
um você diferente!


O senhor tirou uma maça do respectivo bolso,
a abocanhou quase inteira em uma só mordida,
guardou o caroço em sua cartola,
e prosseguiu, marcando pegadas por todo o chão...

E antes que não o visse mais, após a nova curva da árvore ele voltou a falar:

 -Ah,
e antes que eu esqueça, não se esqueça...
Que as vezes é bom não errar os recipientes...
E as vezes é bom ponderar aonde se guarda suas coisas...

Com outra leve risada desgastada, ele tirou uma maçã de dentro de sua cartola,
aonde já não havia mais caroço, e colocou-a no bolso esquerdo do seu paletó...


Até nunca!
ou
Até logo!