domingo, 16 de fevereiro de 2014

Estação Abandonada



Pelos brancos entrelaçados
arqueados sobre um olho
cego
que velado pelas poças d'água
assistem inebriados os trilhos
no infinito

o vento caminha
quase num balé assoviante
entre os pilares que sustentam
o que resta de um teto
uma parcial cobertura
inutilmente arqueia-se
sobre um chapéu
que é beijado pelo vento
que é estremecido nas raízes

o chão irregular
já não suporta mais
os velhos sapatos
os velhos pés úmidos
os velhos joelhos já não
aguentam o corpo
o chão não é o suficiente

vagando no
vazio espaço do mesmo lugar
ruas, vielas, trilhos,
números, ponteiros
todos no vazio espaço do mesmo lugar

um sonho real
que vai além do céu
que vai além da vida

você nas nuvens
o sol na cabeça

a água nas nuvens
você na cabeça

debaixo das nuvens
seus pés no chão

esperando o trem

esperando o trem
azul,

que não vem.