sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Bem-vindo meu filho



Olá...
Diga olá aos contornos do dia
cerre seus olhos com a força de mil elefantes
estenda sua mão fraquejante, aquém de si mesmo
e se embebede do liquido visceral, matinal, que cobre as horas

Diga bom dia aos pássaros que não voam por você
cerre seus punhos sem obstinações e pretensões
guarde dentro do seu estomago as emoções
e consuma todo o ódio da ultima noite.

Diga olá para seus bons companheiros
aperte sua gravata, pigarreie, estique seus ossos
minimize sua pupila, esvazie a mente e abra a janela
ilumine artificialmente, do alto de seus números, seu rosto inchado

Diga seu nome, diga seu registro, insira seu código
bip bip
são os códigos
enfileirados em barras
bip bip
são os números chamando na sua cabeça

Não diga boa noite, não há carência
Não diga adeus, não é preciso
Não se contradiga
Amasse a bula, coma a cartela
tome toda sua abstinência num gole

esqueça que você viveu
a essência se perdeu
e você morreu há anos
quando decidiu deixar
de viver.
você não precisa
mais ser você
só deixe ser
o que é
impreciso.
estamos
todos mortos
e caminhando
em amontoados
de pseudo-emoções
pseudo-consciência
agarrados em bóias furadas
no rio da morte
encharcados de verdade.

Já se foi.
Diga bom dia,
Seja bem vindo novamente.

sábado, 3 de novembro de 2012

Sarcástico Senhor Sabe-tudo



Alaranjado horizonte
cortante vento na face

A fumaça que envolta no seu rosto te tira a visão do por do sol no vale a esquerda
somado aos óculos que vieram de troco. vagabundos.

O gosto azedo do resto de vinho barato que fica na boca, da noite passada
os dados batendo contra o vidro

A dificuldade de focar sua mente
na compreensão estendida do que é viver

As cordas soltas, soando como num folclore
te dançando mesmo que seus braços estáticos estejam grudados às rédeas

não deveria haver pretensões
esperanças e indagações
só a paz na longitude solitária.
Um sol morno que te esquenta contra um vento frio e árido

O deslizante som confuso, se emaranhando com timbres
fluindo como gotas coloridas do tímpano para as veias
soprando como nuvens escoando para o seu cérebro.

Você reserva o controle total a uma só personalidade
mas ao invés disso, são todas as diferentes formas de viver
que assumem o volante, e te guiam sem rumo ao fim da estrada.

Você tenta caminhar no vento com seus dedos
mas ele só passa por você, ignorando sua resistência
você não sabe mais aonde deve abriga-los.

Não há mais nada palpável
e isso talvez faça com que qualquer coisa
seja um objeto do qual você possa pertencer
e indiferente de seu real valor,
desde que ele esteja por um tempo com você
e permita que você seja nele.

pó, pedra e madeira
divididos com os pássaros.